Chegamos a um ponto da história humana e do planeta único. Um ponto de decisões importantes. Um ponto em que pela primeira vez alguns dos recursos mais importantes para a nossa vida se estão a esgotar. Estão-se a esgotar muito por causa do nosso consumismo desenfreado e sem precedentes. A maneira como a nossa sociedade se transformou no último sec. XX é simplesmente insustentável e as pessoas que vivem dentro da bolha (20% que consome 85% dos recursos naturais) não se poderia estar mais nas tintas, pelo menos a maior parte. É realmente alarmante quando temos 1% da população a consumir 25% dos recursos naturais enquanto morrem pessoas à fome à nossa volta. As pessoas com quem me dou no meu meio social não fazem ideia dos problemas que o planeta passa, estamos a fazer a nossa cama para uma catástrofe que se aproxima muito rapidamente, a menos que acordemos dos nossos estados de hibernação. Hoje em dia, a produção de petróleo atinge os 86 milhões de barris diários. Estima-se que daqui a 10 anos a sua produção não passe dos 14 milhões. Com isto quero dizer, que os nossos padrões de vida vão cair a pique, a vida a que estamos habituados e que recebemos de mão beijada sem merecer. Digo que não merecemos pois milhares de milhões estão a morrer pois nem água potável têm disponível. Estamos a chegar pela primeira vez a um processo que envolve o acabar dos nossos recursos finitos, sim são finitos, apesar de nos comportarmos como se eles fossem infinitos. O nosso consumismo grotesco é altamente estimulado pelas nossas chamadas sociedades modernas, tanto em áreas como o marketing, publicidade, padrões culturais, etc. Estudam-se agora áreas como o neuro-marketing que, basicamente estimula certas partes dos nossos cérebros de modo a que compremos coisas que nem precisamos. Uma coisa é necessidades, outras são vontades, e para poucos realizarem as suas vontades, outros morrem por falta de necessidades.
“Em vez de uma lei, uma solução”
Jacques Fresco
O que nos diz a palavra economia?
1. Regra e moderação nos gastos.
2. Habilidade em administrar os bens ou rendimentos.
3. Conjunto de leis que presidem à produção e distribuição das riquezas.
4. Proveito que resulta de gastar pouco.
5. Harmonia entre as diferentes partes de um corpo organizado e seu funcionamento geral.
Nenhum destes pontos é actualmente a nossa economia, então porque lhe chamamos economia? Não é um sistema sustentável, onde se gaste pouco, onde não haja desperdício. Não existem regras de moderação de gastos. Então porque não se chamar de anti-economia, o nosso sistema?
Criamos este jogo a que chama-mos sistema monetário, que é caracterizado pelo tão conhecido e desejado dinheiro. O dinheiro não é nada mais que papel, não tem qualquer recurso que o suporte, está tudo nas nossas cabeças. Se usar-mos dinheiro criado do nada para gastar preciosos recursos, isso só irá criar um gigante buraco ecológico no nosso meio ambiente, aliás, como já está a acontecer. Os economistas que hoje são “produzidos” nas universidades nem sequer sabem a origem do próprio nome economia, como já expliquei atrás. Pensam tal como a maioria das pessoas, que economia significa dinheiro, mexer em dinheiro, lidar com dinheiro… No sistema de hoje em dia significa erradamente isso. Mas num sistema sustentável e justo para todos, significava o exercício da boa distribuição das riquezas, sustentadamente.
Hoje em dia, a área financeira como as bolsas de valores, bancos e seguradoras é a que mais riqueza gera em todo o mundo, quando contribui ZERO para a nossa sociedade. Porque razão um engenheiro financeiro recebe 4, 5, 6 até 100 vezes mais que um engenheiro civil? Um engenheiro civil constrói pontes, um engenheiro financeiro constrói sonhos, que normalmente se transformam em pesadelos. Graças aos bancos e às bolsas de valores como a maligna Wall street, existe uma divida que nunca poderá ser paga, é impossível. Hoje em dia todas as nações mundiais estão em divida, porque dinheiro = divida. Se todo o dinheiro do mundo hoje em dia servisse para pagar a divida mundial, não se conseguiria pagar nem 30%... Isto porque se anda a criar dinheiro do nada como já disse. Os bancos vendem dinheiro por mais dinheiro, com os empréstimos de juros, ou seja a pessoa vai ter que criar mais dinheiro da sua parte para pagar dinheiro que teoricamente nem existe. Os bancos são desnecessários para uma sociedade feliz e sustenta. Se perguntar-mos na rua às pessoas como funciona um banco, a maioria não sabe, nem sabem que um banco nem precisa de dinheiro, porque o dinheiro que utilizam para os seus negócios, é o dinheiro das pessoas.
Outra grande característica do nosso modelo actual é a necessidade de criar problemas para bem dos mercados livres, como lhes chamam. A guerra, o terrorismo, o crime, tudo isso é bom para que o nosso grande mercado capitalista funcione na perfeição. Isso supostamente cria mais empregos, mais negocio. Por exemplo as empresas de armamento são dos negócios com mais lucro no mundo. Desperdiçamos preciosos recursos na construção de bombas, manda-mos edifícios ao ar e depois entram as empresas de construção, que por sua vez, lucram com a “reconstrução dos países”. O sistema funciona, os danos colaterais? Não interessam…
Os países para irem para as guerras necessitam de empréstimos bancários, que por sua vez criam mais dinheiro do nada, fazendo os países afundarem-se em dividas com dinheiro que nem existe. Actualmente, se usássemos os recursos que já foram gastos com as guerras no Afeganistão e Iraque, daria para fazer com que África fosse um continente próspero e livre da fome por centenas de anos. Existe justiça? Com isto podemos compreender porquê que o 11 de Setembro foi arquitectado pelos mesmos senhores que fizeram “guerra ao terrorismo”, porque isso é lucrativo.
A violência é sempre problema genético das pessoas, nunca culpamos o sistema em si, a sociedade stressante e esgotante em que vivemos. As prisões hoje em dia são geridas por empresas privadas, que jogam na bolsa o número de prisioneiros que têm, isso sim é doentio. Então, em vez de tratar-mos as aptidões sociais de um assassino, prendemo-lo com outros assassinos de modo a estimular a sua violência. A violência não é uma característica humana, e ela não existiria se houvesse justiça e prosperidade numa sociedade que supostamente é livre. A violência tem de ser tratada como uma doença social e não a podemos estimular com as chamadas prisões. É o mesmo que tratar-mos um doente com gripe, prendendo-o com outros doentes com gripe numa sala fechada. É exactamente a mesma coisa.
O vício, quando pensamos em vício pensamos em consumo de drogas. Mas existem vários vícios, até o vício de ir às compras. Somos estimulados a consumir todos os dias, graças à área do marketing e publicidade. Actualmente as empresas gastam mais dinheiro na área publicitária do que propriamente na fabricação do seu produto ou ideia. Actualmente nem se pode chamar publicidade, mas sim lavagem cerebral. Os padrões de cultura ai entram em força, porque somos influenciados a comprar coisas, pois está na moda, é bonito, uma maneira de entrar na alta-roda da sociedade, etc. Resumo: o consumismo desenfreado como lhe chamo. Aqui também entra o vício da aquisição. Tal como vemos empresas a adquirir outras empresas mais pequenas cada vez mais, eliminando a competição e centralizando cada vez mais o poder. Centralizando mais o poder, deixam de existir regras de ética, e isto está relacionado com o vício do poder e do dinheiro.
Era aqui que queria chegar, a exclusão da ética, das regras, a inclusão da mentira e da injustiça. Actualmente, criar um produto duradouro e capaz é matematicamente impossível no nosso sistema (anti) económico. Isto porque se criássemos um produto duradouro, o nosso negócio iria por água abaixo, pois não teríamos mais possibilidades de pagar as contas da empresa. Necessitamos de criar um produto defeituoso ou com pouco potencial, de modo a que a pessoa volte mais tarde para comprar um novo, ou uma nova gama de produtos. Vemos isso a toda a hora, e vemos o desperdício a acumular-se em lixeiras por todo o mundo. Por exemplo, compramos 5,6,7 telemóveis num espaço de 5 anos, e os telemóveis têm materiais finitos, muito difíceis de explorar, como o cobre, o ouro ou o alumínio. Quando deixa de funcionar corremos logo a uma loja comprar um novo telemóvel, quando o problema poderia ser facilmente resolvido pela empresa. Isso seria dispendioso para a empresa que quer que o cliente compre um novo telemóvel. A maior parte dos computadores poderia ser facilmente arranjado ou actualizado, mas em média compramos 6 computadores por vida. Por isso, está fora de questão criar um bom produto, pois as empresas querem que o consumo continue, de modo a que lucrem cada vez mais, enquanto a nossa pegada ecológica vai crescendo bizarramente.
Não podemos viver mais com disparidades, do tipo pessoas com obesidade mórbida no chamado mundo ocidental e pessoas em subnutrição nos países em “subdesenvolvimento”. Não podemos mais continuar a desenterrar preciosos minerais que demoraram milhões de anos a formarem-se, ou combustíveis fosseis que demoraram outros milhões. Temos grandes alternativas, como as energias renováveis, existem tantas, como o vento, o mar, o sol, a terra ou mesmo as ondas.
Continuamos a por vontades à frente de necessidades de outros, isso é grotesco.
Soluções? Uma verdadeira economia baseada em recursos. Uma economia baseada em recursos livre de interesses, onde as necessidades da população estão acima de tudo, tal como as necessidades do nosso ecossistema. Numa sociedade que seja sustentável, onde toda a gente viva num clima de justiça e prosperidade, as vontades irão ser satisfeitas por si só. A busca de felicidade em torno do dinheiro está errada, e dai se pode ver o stress e depressões em que está mergulhada a nossa sociedade. O dinheiro e a posse de materiais nunca trouxeram felicidade, trouxeram destruição e desigualdade. A tecnologia hoje em dia dá-nos a liberdade para ter um mundo que seja capaz de ser sustentável. Com a eliminação de injustiça, stress e competição, vem a consequente eliminação da violência. Os poucos casos que existam de violência então, serão tratados como pacientes e não como prisioneiros. Um verdadeiro sistema de saúde, livre de empresas gananciosas que lucram com os problemas (criação de falsas pandemias). Um projecto deste tipo já está a ser desenvolvido, o chamado “Vénus Project”, arquitectado na sua maioria por um senhor chamado Jacques Fresco, que trabalhou nele durante 75 anos. Vou descrever o melhor que poder sobre este projecto.
O projecto foi fundado em 1975, por Fresco e por Roxanne Meadows em Vénus, Florida. Ele foi fundado na ideia de que a pobreza é causada pela sufocação do progresso da tecnologia, causada pelo sistema económico mundial baseado no lucro e nas instituições conservadoras que nele se apoiam.
Fresco acha que se, o progresso da tecnologia fosse exercido independentemente da necessidade de lucro, poderiam ser postas em prática maneiras de multiplicar e aproveitar melhor os recursos naturais da Terra, criando assim uma (economia baseada em recursos) que eliminaria a escassez e permitiria que ninguém sofresse de privações. Esta abundância recém-descoberta reduziria a tendência humana à dependência, corrupção e ganância. Sem privações e sem a alienação do próprio potencial de criação perante a necessidade de lucro, as pessoas seriam livres para criar e desenvolver projectos pessoais, ajudando, assim, no desenvolvimento de toda a comunidade. Fundamental para o projecto, é a eliminação do actual sistema monetário e a sua substituição (economia baseada em recursos). A existência do dinheiro é ligada à existência de crimes, corrupção, pobreza, poluição, guerras, escassez e outros problemas contemporâneos.
Actualmente o centro de pesquisa de Fresco é uma propriedade de 21 acre (85 000 m2) que contêm várias construções do seu design, onde eles trabalham em livros e filmes para demonstrar os seus conceitos e ideias. Fresco produziu um extenso número de modelos em pequena escala baseados em seus desenhos, bem como varias edificações construídas com base nos seus conceitos de simplicidade, sustentabilidade e estética. Com edifícios em forma de domo altamente resistentes e eficientes, separados por lagos, jardins e trilhas projectados de maneira que de uma construção não seja possível ver a outra, dando oportunidade a frequentes visitantes de vislumbrar um pouco do mundo de amanhã de Fresco. Ele e a sua equipa também foram responsáveis pelos famosos documentários/filmes Zeitgeist.
O seu projecto é na verdade muito simples, dando às pessoas tempo para viverem as suas vidas, fazerem o que gostam, terem os recursos básicos ou necessidades garantidos (no centro de cada cidade) e produtos da mais avançada tecnologia e duradouros. Isso é possível com a eliminação do obrigatório lucro de hoje em dia.
É muito real o perigo que enfrentados daqui para a frente, pois nenhuma civilização esgotou os recursos planetários da forma como nós esgotamos, é mudar ou morrer. É da ocorrência de todos que o mundo em que vivemos hoje está mergulhado na ganância, violência e desrespeito pelo outro, isso tudo por causa do nosso “jogo económico” e do seu fictício dinheiro. Fomos nós que o inventamos, é nosso dever elimina-lo.
Obrigado.
“Não existe gente má ou boa. Existe gente criada em certos ambientes”
Jacques Fresco
“Não é saudável estar adaptado a uma sociedade profundamente doente”
David Icke
“A liberdade que há no capitalismo é a do cão preso de dia e solto à noite”
Agostinho Silva
2 comentários:
Nao sera um pouco dificil toda a gente mandar fora o dinheiro? Nao vejo isso como uma utopia, mas um caminho que tem de ser percurrido, mas é dificil, tens de admitir.
Penso sêr uma ideia bastante viável e seria também uma maneira de escapar-mos á escravatura e á dependencia que criámos para nós próprios numa sociedade egoista, cheia de jogos doentes.
Seria uma forma de acabár-mos com a fome mundial e de começar-mos a tirar proveito da curta vida que temos.
Mas como acabar com a politica e seus interesses, ou com as industrias privadas com tanto poder? Como passár-mos á paz, sem sofrer a violencia? Mas será bom começar a fazêr algo ou então, acabaremos por sêr vitimas de nós próprios quando destruir-mos o nosso planeta....
Tosh
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